02 ago Dissolvendo o sofrimento do passado
Enquanto somos incapazes de viver o poder do Agora, acumulamos sofrimento emocional. O sofrimento emocional se mistura com o sofrimento do passado, que se acomodam em nossa mente e em nosso corpo. Está incluso, também, o sofrimento vivido em nossa infância, proveniente da falta de compreensão do mundo em que nascemos.
A mente e o corpo são preenchidos por um campo de energia negativa criado pelo sofrimento. Há pessoas que passam a vida quase que totalmente dominadas pelo sofrimento e outras apenas em contextos que envolvem relacionamentos familiares e amorosos, lesões físicas ou emocionais, perdas do passado, abandono, etc. Qualquer situação pode ativar o sofrimento.
O sofrimento pode atingir pessoas próximas e a nós mesmos, seus “hospedeiros”. Os pensamentos e sentimentos com relação à nossa vida ficam extremamente negativos e autodestrutivos. Alguns sofrimentos podem causar doenças, acidentes e até suicídio.
Preste atenção em qualquer sinal de infelicidade presente em você, desde uma irritação, impaciência, desejo de ferir, raiva, ira, depressão ou até mesmo uma necessidade de criar problema em seus relacionamentos.
Para que o sofrimento sobreviva, ele necessita de nossa identificação inconsciente com ele. Sofrimento é alimentado por mais sofrimento, ele não consegue tolerar a alegria.
Quando somos subjugados pelo sofrimento, desejamos ter mais sofrimento e, assim, nos tornamos vítimas ou perpetradores. Buscamos infligir sofrimento, ou senti-lo, ou ambos. Preste atenção em seu pensamento e comportamento, ambos estão programados para dar continuidade ao sofrimento, para si e para os outros. Quando se tem a consciência desse padrão, ele se desfaz.
A sombra escura do sofrimento, que vem do ego, tem medo da luz da nossa consciência. Ela só sobrevive com nossa identificação e inconsciência para enfrentarmos o sofrimento que habita nosso ser. Continuamos a reviver todo sofrimento quando não o enfrentamos, e não colocamos a luz de nossa consciência sobre ele. O sofrimento quer que continuemos submetidos a ele, sem observarmos e sentirmos o seu campo energético, e sem desfazer nossa identificação com ele.
A inconsciência cria o sofrimento. A consciência transmuta o sofrimento nela mesma. Não devemos lutar contra o sofrimento, pois essa atitude gera conflito interior e mais sofrimento. É necessário observar o sofrimento, o que significa aceitá-lo como existente naquele momento.
O sofrimento é a energia vital aprisionada. Quando começamos a nos desidentificar e nos tornar observadores, o sofrimento ainda vai agir por um tempo e vai persistir para que voltemos a nos identificar com ele. Persista, esteja consciente e presente. Olhe para seu eu interior. Esteja alerta e observe o sofrimento diretamente. Sinta sua energia. Com isso, o sofrimento não terá força para controlar seu pensamento. O pensamento alinhado com o campo energético do sofrimento causa identificação com ele e, de novo, você o alimentará com os seus pensamentos. Por exemplo, se você sente raiva e alimenta esse sentimento, pensando na pessoa que o prejudicou, ou querendo se vingar, você já está inconsciente e o sofrimento o submeteu.
“Onde existe raiva, existe sempre um sofrimento oculto.” – Eckhart Tolle
No momento em que você está em um padrão mental negativo e fica pensando no quanto sua vida é horrível, significa que o pensamento está alinhado com o sofrimento e você está inconsciente e vulnerável a um ataque do sofrimento. Segundo Tolle, ele emprega a palavra “inconsciência”, neste texto, para designar uma identificação com um padrão mental e emocional, ou seja, não existe o observador.
“Manter-se em um estado de alerta consciente destrói a ligação entre o sofrimento e o mecanismo do pensamento, e aciona o processo de transformação.” Eckhart Tolle
Concluindo:
Coloque a atenção no sentimento dentro de você. Identifique que é o sofrimento. Aceite sua presença. Não pense nele. Não deixe que o sentimento se transforme em pensamento. Não julgue, não analise e não se identifique com o sentimento. Observe a resistência presente, o apego ao sofrimento e a compulsão em falar, pensar e ser infeliz. Esteja presente e observe o que se passa dentro de você. Note o sofrimento emocional e a presença silenciosa do observador. É o poder do Agora, o poder de sua própria presença consciente.
Anete L. Blefari
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www.sermelhorepleno.com.br
Referência:
Tolle, Eckhart – O poder do AGORA – um guia para a iluminação espiritual – RJ, Sextante, 2002.