03 abr Reescreva sua história
Como você sente sua vida? Com percepção negativa ou positiva? Você ainda se revolta com a infância que teve? Sente raiva e culpa seus pais ou as pessoas que cuidaram de você pelo que sente? Não consegue perdoar sua mãe ou pai pelas atitudes e a forma pelas quais cuidou de você? Considera-se injustiçada e se coloca como vítima? Ou esqueceu fatos de sua infância, achando que tudo já passou e foi esquecido?
Saiba que vítima não existe. Sob essa perspectiva, tudo que passamos é resultado de nossas criações. Somos seres eternos e a lei de causa e efeito é inexorável. Quando nascemos já estamos recebendo as consequências de nossos atos passados. Até a forma como nascemos é consequência de nossos conteúdos internos. Por que merecemos uma infância como a que tivemos? Por que viemos com uma mãe depressiva, ou distante, que não pode atender nossas necessidades emocionais? Por que viemos com um pai doente de alcoolismo ou de outro transtorno mental?
Dispostos a fazer essas reflexões profundas, podemos encontrar as causas de todo esse sofrimento. Se utilizarmos de honestidade em nossa investigação, vamos descobrir que tudo está certo da maneira como se apresenta. A causa está em nós mesmos. Necessitamos ter uma infância da forma como tivemos para nos curarmos. Todo esse mundo externo se manifestou, porque havia em nós energias que precisavam se materializar. É claro que quando somos bebê, criança e adolescente não temos a mínima condição psicológica para elaborar esse estudo investigativo e chegar à conclusão de que somos resultados de nossos estados de ser.
Nossos estados de ser um dia criaram a necessidade de, em algum tempo, encontrar materializado em pessoas à nossa volta tudo que precisamos liberar e perceber em nós, para nossa cura. As grandes crises e o sofrimento intenso nada mais são do que curas para nossa alma. São verdadeiras catarses que se manifestam, para que possamos perceber o que há dentro de nós e aprender a criar um novo estado de ser. Mesmo a morte de um ente querido traduz-se na manifestação de uma morte interna. Se soubermos olhar para todos os fatos considerados negativos em nossa vida, vamos poder aprender e nos libertar da escravidão de pensar que o mundo nos comanda. Toda vez que assumimos responsabilidade diante de um fato que nos acontece, e tiramos dele um aprendizado, nos curamos. Se hoje, adultos, ainda nos colocamos como coitados, como vítimas de pais que não souberam nos amar, vamos viver a amargura e a angústia de energias revoltantes em nosso próprio ser. Pelo contrário, quando compreendemos que somos os autores de nossa própria história, podemos reescrevê-la.
Então, como reescrever a própria infância? Primeiro, percebendo que nossos pais, assim como nós, estão manifestando suas feridas internas para poderem se curar. Com suas dificuldades nos beneficiaram, para que nossa dor interna surgisse. A grande magia dos relacionamentos está em perceber que ninguém é culpado pelo processo interno de ninguém. Podemos ser no máximo responsáveis por agravar o estado do outro, mas não culpados por criar o estado de ser do outro. Somos espelhos uns dos outros, nos quais os aspectos que devem ser curados são refletidos e manifestados, para que possamos perceber e nos libertar. A liberdade está em reconhecer a responsabilidade pelo nosso processo interno. Olhar para nossas reações e buscar as causas em nós mesmos. Perdoar e se auto perdoar.
Somos os artífices de nosso destino, portanto, se colocarmos atenção e auto-observação em nossos pensamentos, vamos começar a criar uma nova história e um mundo diferente se manifestará. Cada indivíduo é responsável pela sua própria cura. Então, o que está esperando? Coloque atenção em seu mundo interno, mude e se curará. Mude seus estados de ser e mudará o mundo a sua volta.
Anete L. Blefari
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