29 ago Ordens do Amor
As ordens do amor foram descobertas, por Bert Hellinger, que foi compreendendo lentamente essas leis, através das constelações familiares, e descobriu que elas conduzem os relacionamentos humanos. Hellinger (2015)
A respeito das Ordens do Amor, Bert Hellinger afirma que:
“Essa ordem nos é preestabelecida. Somente quando sabemos algo sobre as ordens do amor é que podemos superar os obstáculos que, apesar da boa vontade de todos os envolvidos, muitas vezes se colocam no nosso caminho. Conhecer essa ordem contribui para a felicidade e boa convivência na família.” Hellinger (2007 p. 7)
De acordo com Hellinger (2007), o amor precisa de uma ordem para que possa se desenvolver. O amor cego e inconsciente, que não tem o conhecimento dessas ordens, regularmente nos conduz a desordens, com consequências nefastas. Ao contrário, quando observamos essas leis, sentimos alívio, paz e com possibilidades de fazer algo em comum. Observando essas leis, podemos alcançar felicidade, sucesso e saúde.
Existem dois movimentos contraditórios, que atuam na alma: a consciência pessoal e a coletiva.
- Consciência pessoal é sentida pelo indivíduo e serve ao seu pertencimento e à sua sobrevivência pessoais.
- Consciência coletiva ou de clã – considera a família, como um todo, pois a preservação da integridade no clã, ou seja, sua plenitude, depende estreitamente do vínculo do destino. Hellinger (2020 p. 145)
Comparada com a consciência pessoal, a coletiva se mostra totalmente imoral ou amoral. Ela age como uma pulsão, uma pulsão de grupo, que só quer uma coisa: salvar e restaurar a integralidade. Desse modo, é cega na escolha de seus meios. Hellinger (2020 p.147).
PRIMEIRA ORDEM DO AMOR: PERTENCIMENTO
Todos de um sistema familiar têm o mesmo direito de pertencimento. Quando esta ordem é respeitada, o bem predomina. Quando é negado o pertencimento de um membro da família, as consequências das desordens podem repercutir a longo prazo.
Casos de exclusões: assassinato, aborto; doação de filhos, filhos ocultados; exclusão de membros por vergonha, deficiência, religião, transgressões; filhos esquecidos: natimortos, abortos espontâneos ou não. As consequências da exclusão surgem com a violação dessa ordem e traz muitos problemas familiares. Outro membro familiar vai representar aquele que foi excluído ou esquecido, até que seja integrado novamente à família para ocupar o lugar que lhe cabe.
Quem tem direito de pertencimento? Todas as crianças, as abortadas, mortas, natimortas, as doadas, as esquecidas, meios-irmãos. Os pais, seus irmãos sanguíneos, inclusos os abortados, mortos, natimortos, adotados e os esquecidos. Ex-companheiros dos pais. Avós, sem seus irmãos, com raras exceções. Em casos raros, também os ex-companheiros dos avós. Todos aqueles que, com sua morte ou perda precoce, beneficiaram aos membros familiares e contribuíram para a sobrevivência do grupo familiar atual e de seus descendentes. Quando membros familiares foram culpados pela morte de outras pessoas, suas vítimas também pertencem à família. Vítimas de assassinos externos, também, pertencem à família. Se houve vantagem da família em detrimento de outrem, o prejudicado também pertence à família.
SEGUNDA ORDEM DO AMOR: HIERARQUIA OU PRECEDÊNCIA.
Esta lei fundamental atua na consciência coletiva sobre toda família, ou em todo grupo onde prevalece uma ordem arcaica e hierárquica, orientada pelos antepassados ou herdeiros. É determinada pelo tempo de pertencimento. Os familiares que chegaram antes têm precedência sobre os que vieram depois. Um avô tem precedência sobre o neto, pais sobre seus filhos, primogênito sobre seu irmão mais novo, etc. A família atual tem precedência sobre a família de origem, quando tem o primeiro filho. Cada membro familiar tem seu lugar próprio.
Crianças, que se encontram fora de seu próprio lugar, acabam tendo muitas dificuldades, comportamentos agressivos ou estranhos e até doenças. A consciência coletiva proíbe a intromissão de herdeiros nos assuntos de seus antepassados. As consequências da violação da ordem de precedência é a pena de morte. Se a criança quer assumir o destino de um dos pais, ou de ambos, ela se coloca acima deles, como se pudesse decidir sobre a vida e a morte. Este é um desejo inconsciente onde a criança, em sua alma, diz: “antes eu do que você”.
TERCEIRA ORDEM DO AMOR: EQUILÍBRIO ENTRE O DAR E O TOMAR
Nossa consciência determina a ordem de dar e receber. Sentimos livres, quando o dar e o tomar estão em equilíbrio. Quando tomamos ou recebemos algo de alguém, sentimos na obrigação de retribuir. Quando o dar e receber está em desiquilíbrio, a pessoa que tomou muito sente-se em dívida com aquele que deu a mais, e ainda espera a retribuição. A necessidade de compensação acontece no bem e no mal. O culpado quer ficar livre da culpa, expiando-a, mas se a vítima faz algo pior, ele se acha no direito de vingança e a compensação vai se complicando.
Se um dos parceiros perdoa sempre as ações ruins do outro, coloca em ameaça o relacionamento. A solução é a vingança com amor, ou seja, restituir algo ruim em um nível de gravidade menor. Essa compensação é menos cruel, quando se quer manter o relacionamento. Com esse movimento, o amor do casal vai a um nível mais profundo.
No entanto, na relação de pais e filhos, a compensação entre o dar e o receber é anulada. Os filhos não conseguem compensar o que os pais lhes deram. Essa compensação é feita quando tem seus próprios filhos.
Conhecendo e obedecendo essas leis, ou princípios básicos da vida, o amor se desenvolve e, assim, podemos alcançar a felicidade, o sucesso e saúde.
Anete L. Blefari
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Referências
HELLINGER, Bert. Bert Hellinger. Meu trabalho. Minha vida.: a autobiografia do criador da constelação familiar. 1a. ed. São Paulo: Cultrix, 2020.
HELLINGER, Bert. O Amor do Espírito na Hellinger Sciencia. 3a. ed. Belo Horizonte: Atman, 2015.
HELLINGER, Bert. Ordens do Amor: um guia para o trabalho com constelações familiares. 1a ed. São Paulo: Cultrix, 2007.
HELLINGER, Sophie. A Própria Felicidade: fundamentos para a constelação familiar. volume 1. 1a. ed. Brasília: Tagore, 2019.
HELLINGER, Sophie. A Própria Felicidade: fundamentos para a constelação familiar. volume 2. 1a ed. Brasília: Tagore, 2019.