Família feliz, certinha?

Por diversas vezes, recebi questionamentos sobre: “como daquela família tão certinha, feliz, saiu um dependente químico, um usuário de drogas”? Costumo responder com as seguintes perguntas: “certinha?” – “perfeita?” – “como você sabe? Você convive com aquela família”?

Vamos refletir um pouco sobre esses questionamentos. Pessoas certinhas e perfeitas não existem, certo? Quem pode se gabar de que nunca cometeu erros, enganos ou teve comportamentos inusitados, etc..? Como Jesus disse: “atire a primeira pedra quem nunca pecou/errou”. Verdadeiramente não adquirimos um nível de perfeição, que nos leva a não cometer mais erros. O natural, ainda, é errar. Mas, podemos, com os aprendizados que nossos erros trazem, errar menos, cada vez menos.

Voltando a refletir sobre a família denominada feliz, sem problemas e tão certinha. Na maioria dos casos, vamos encontrar muita dissimulação e hipocrisia. Principalmente porque não convivemos dentro daquele sistema, não vivemos sob aquela dinâmica, apenas achamos que seja uma família perfeita pelo modo como se apresenta externamente. Tenho constatado, na maioria dos casos, se tratar de equívocos ao considerarmos certas famílias felizes e perfeitas.

Olhando pelos bastidores, vamos encontrar verdadeiros vilões e submissos convivendo em uma grande cumplicidade e escondendo-se atrás de máscaras sociais, muitas vezes, por medo, por incapacidade de se amar, por insegurança para tomar atitudes firmes e colocar limites aos abusos.

Vamos encontrar, muitas vezes, um pai que maltrata a mãe, com abusos verbais, físicos e sexuais. Uma mãe submissa que sofre os abusos, os aceita e depois age como se nada tivesse acontecido. Crianças assistindo, amedrontadas, os abusos e vendo a mãe suportar tudo sem qualquer reação e limite. Esse ambiente, psicologicamente poluído, traz uma disfuncionalidade nas relações familiares e desajustes, que vão impactar, negativamente, na vida adulta das crianças. Elas crescerão com muito medo, inseguras, sentindo-se confusas, não sabendo se respeitar e se amar. Não sabendo realmente amar.

E a dinâmica doentia vai continuar em seus relacionamentos futuros. Vão se casar, intempestivamente, para fugir daquela aflição e angústia emocional com o primeiro que se apresentar disponível para o casamento. Com isso, seguirão o mesmo curso do que sofreram na infância, muitas vezes repetindo os mesmos comportamentos disfuncionais e insanos que aprenderam com seus genitores.

E qual a possível saída para tanta dor? Qual o alívio que buscarão para suas dores? Das mais variadas possíveis. Muitos buscam a fuga psicológica de si mesmos, bebendo, fumando, utilizando-se de calmantes, analgésicos, tendo compulsões por sexo, compras, jogos, etc… Outros buscam o alívio cuidando da vida de todos a sua volta. São verdadeiros salvadores e solucionadores de problemas de toda a família, menos de suas próprias questões. E o fardo continua até, muitas vezes, à exaustão. Se tiverem sorte, um dia despertarão com uma pergunta muito perspicaz: “estou sobrevivendo ou vivendo?”

Quando despertarem para esta questão, estarão a caminho da cura, pois poderão buscar informações, conhecimento, grupos de autoajuda e profissionais, para os ajudarem a se amar, a se respeitar e viver de uma forma mais positiva e feliz. Quando esse despertamento acontece, ações são tomadas com sabedoria, com limites para os abusadores de sua energia, de seu tempo, de sua vida. A invasão em sua vida e na vida dos outros deixará de ocorrer. Finalmente, começarão a viver e deixarão de apenas sobreviver.

Anete L. Blefari
[email protected]
www.sermelhorepleno.com.br



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