27 jun Dissonância Cognitiva
Muito sofrimento advém de tensões geradas por nossas dissonâncias diárias e pela incapacidade de nos adequar ao momento presente e equilibrar desejos impossíveis.
Primeiramente, vamos conhecer o significado das palavras, para uma melhor compreensão.
Dissonância: falta de harmonia, discordância entre duas ou mais coisas.
Cognitivo: processo de aquisição de conhecimento (cognição). A cognição envolve: pensamentos, linguagem, percepção, memória, raciocínio, aprendizagem, atenção, tomada de decisão, etc.
Problemas Cognitivos:
– dificuldade de concentração, atenção
– perda de memória ou dificuldade para lembrar-se das coisas
– problemas com a compreensão e entendimento
– dificuldades com o julgamento e raciocínio
– habilidades prejudicadas
– problemas na execução de várias tarefas
– mudanças comportamentais e emocionais
– confusão
A dissonância cognitiva é uma teoria comportamental feita por Leon Festinger, psicólogo americano, em 1957. Psicologicamente, a dissonância pode causar desconforto, frustração e agressividade. Quando as informações ou soluções se direcionam, contrariamente, às nossas cognições, passamos por um estado de dissonância cognitiva. Nossa mente vai buscar três meios, a saber:
– mudar o comportamento
– mudar o ambiente
– abandonar a dissonância
Como interpretamos o mundo é, muitas vezes, o que nos faz sofrer, independente da realidade objetiva externa. A forma de interpretar o mundo se origina em nossas crenças sobre nós mesmos, advindas de nossas experiências e sobre nosso meio social.
Os significados e o sentido que damos à nossa vida são criados por nós mesmos. Como não conseguimos modelar o mundo externo para que corresponda aos nossos desejos e caprichos, sentimos a necessidade de transformar nosso mundo interno (pensamentos, crenças, preferências, desejos, etc.) para manter a saúde mental.
Quando sentimos tensão interna entre nossas convicções, ideias, crenças e comportamentos, entramos em conflito.
– fumar ou beber – mesmo sabendo que pode causar doenças e a redução do tempo de vida;
– comer em demasiado – mesmo sabendo que pode engordar ou adoecer;
– não praticar atividade física ou mental – mesmo sabendo que o sedentarismo e a indolência podem prejudicar.
Essas desagradáveis tensões, entre pensamentos contraditórios ao mesmo tempo, são conhecidas como dissonâncias cognitivas, que podem gerar ansiedade, angústia, culpa e vergonha. A dissonância é uma reação físico-emocional estabelecida em nossos circuitos neuronais. Simplesmente, não podemos evitá-la, quando o mundo nega a cumprir seu dever e não atende nossas expectativas.
É insuportável, para nós, manter dois pensamentos antagônicos ou incompatíveis, e, então, justificamos. Conforme Robert Feldman, a dissonância cognitiva é um dos fatores essenciais para compreender o funcionamento do autoengano. Somos obrigados a mudar nossos sentimentos, a distorcer o que pensamos, quando nossas opiniões, comportamentos e crenças são contraditórios. Essa mudança de pensamentos, desejos, crenças e reavaliações de critérios e valores é um mecanismo natural da mente humana. Costumamos inventar estórias sobre nós mesmos para poder viver. Com essas estórias, reafirmamos nossas crenças para nos justificar.
O que podemos fazer para resolver a dissonância?
– eliminá-la ou evitar situações e informações que podem aumentá-la;
– reduzir a dissonância se autojustificando, criando novas razões ou justificativas para endossar nossa decisão ou comportamento.
Para voltar à harmonia, na próxima vez que sentir tensão interna, coloque-se presente e observe seus pensamentos, questione-os e aprenda a questionar tudo que lhe dizem como verdade. Se não conseguir uma prova, não acredite em uma só palavra.
Anete L. Blefari
[email protected]
www.sermelhorepleno.com.br
Referências:
FERNANDEZ, Atahnalpa e Marly – Sobre a dissonância cognitiva, o autoengano e a ignorância autoimposta.
MARTINS, Renato P. – Ciência e a dissonância cognitiva