Desapego – técnica da evolução da consciência

O objetivo da vida é a progressiva manifestação do Espírito, o despertar da consciência espiritual, latente em nós.

Dentro de nós, existe uma centelha divina, uma essência espiritual, que é nossa verdadeira natureza. Podemos chamá-la de Alma, Espírito, Eu Superior… Nossa verdadeira individualidade está recoberta por invólucros e espera se manifestar.

Para chegarmos à verdadeira e concreta realização da consciência do nosso verdadeiro “Eu”, há comportamentos internos e métodos que favorecem e preparam o despertar da consciência superior. O desapego é, talvez, o principal desses comportamentos.

O que significa desapego?

O desapego é uma atitude interior de desprendimento por tudo que não faz parte do verdadeiro “Eu”. Tudo que faz parte do ego, o “eu” temporário, é visto com desinteresse. Ter desapego é distinguir o real do ilusório. É conseguir uma posição neutra, para com tudo que é efêmero, temporário; é a recusa em identificar-se com algo que não é real, que não é a realidade espiritual.

Desapego é a ação do espectador perante o seu ambiente. Aquele núcleo de consciência que está entre a personalidade e a alma, por meio do qual observamos a personalidade vivendo, agindo, sentindo e pensando no mundo da manifestação e, mesmo assim, permanecendo calmo, sereno, isolado de tudo o que ocorre no plano pessoal.

Com o comportamento interior do espectador, conseguiríamos mais rapidamente o despertar da nossa verdadeira consciência. O que impede o despertar é a identificação com o “eu” temporário, o ego.  É a identificação com o mundo das formas, objetos ilusórios, os corpos da personalidade.

Com a prática, aos poucos, a pessoa vai se libertando dos apegos, das várias ilusões que o conectam ao mundo não real. É um processo, não acontece repentinamente. A pessoa vai passando por vários desapegos e, gradualmente, vai se libertando de desejos e apegos diversos.

Nosso caminho evolutivo está repleto de superações e desapegos. A partir da prisão da forma, o desapego é a própria técnica da evolução da consciência, a libertação de apegos.

Seguem algumas ideias equivocadas sobre o desapego, que é uma qualidade espiritual.

– Não é frieza.

– Não é distanciamento.

– Não é isolamento.

– Não é fuga ao sofrimento.

– Não é falta de amor e de compreensão.

– Calma, indiferença diante da dor não é desapego, mas apenas falta de amor e de sensibilidade.

Ainda não aprendemos a amar sem apego, amar como almas, dar sem nada pedir, querer bem sem desejar retribuição, superar a emotividade pessoal, que é sempre egoísta, ciumenta, exclusivista. Amar com desapego é deixar os outros livres.

“Por isso sempre faça aquilo que deve ser feito, sem apego, pois o homem que realiza uma ação desinteressadamente consegue o Supremo.”  (Bhagavad Gita, Canto III, p.48.)

Faça uma análise profunda, sincera e objetiva. Descubra em qual dos seus três corpos existe maior apego. Se for nos três, não há qualquer problema, permaneça motivado. Conheça seus pontos fracos, pontos que exigem melhoria, que ainda existem em você. Escreva, quais são seus apegos emocionais, mentais e materiais.

Exercícios para descobrir a que tipo de apego você está mais sujeito.

– Olhe-se no espelho, criando uma dualidade entre o “eu” que observa, que olha e a parte que age, sofre, deseja e pensa. Procure desidentificar a consciência do “eu” temporário, o ego, e reencontre em si mesmo, o centro fixo e sólido, que dá o sentido da sua identidade, da sua personalidade. O ego não é o “Eu” Espiritual, mas é o reflexo na consciência pessoal.

– Outra prática útil, para formar a consciência do “eu” desapegado, é fazer um exame noturno, regularmente, todas as noites. Faça antes uma preparação interior, para relaxar e se acalmar, para levá-lo acima da personalidade. Com essa prática do exame noturno, aos poucos vai se formando um ponto intermediário entre a personalidade e a alma, que é o ponto do observador silencioso, do espectador desapegado. Essa técnica lhe dá a possibilidade de observar, sem paixão, a sua personalidade, de não se identificar com os corpos e de sentir-se completamente no domínio das energias inferiores, que lhe são próprias.

As qualidades do desapego são serenidade, calma interior, amor, compreensão, alegria, energia, força. Quem já superou as limitações e os apegos ilusórios tem como comportamento o desapego e está livre dos vínculos da forma.

Conquistar o desapego é uma prática gradual, progressiva. Ao praticar o desapego, podemos ir atingindo um estado de calma e de serenidade interior. As energias da alma só podem chegar até nossa consciência, quando estamos calmos e serenos.

Cultivemos, a cada experiência, a cada momento vivido, uma sensação de liberdade interior, um comportamento calmo e sereno. Invoquemos nossa alma para que nos leve a atingir o desapego, a conhecer a paz, que, mesmo estando no mundo, vivemos no eterno.

 

Anete L. Blefari
anete@sermelhorepleno.com.br
www.sermelhorepleno.com.br

 

Referência:

La Sala Batà, Angela – DO EU INFERIOR AO EU SUPERIOR – 9ª. edição, 1993 – Pensamento, São Paulo-SP

 



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