12 fev Codependência: o vício de sofrer
Frequentemente encontro pessoas amarguradas, aflitas, chorosas, ressentidas, cheias de culpas, magoadas com seus pais, com sua infância, seus pares, maridos, esposas, filhos e por aí vai.
É um mundo cheio de aflições emocionais, incompreensões, distorções cognitivas e identificação intensa com as experiências vividas e com a própria dor. A dor da alma.
A dor da alma, que ninguém pode ver, sentir e mensurar o quanto de sofrimento essas pessoas carregam em sua bagagem emocional e espiritual.
Essas pessoas sofrem tanto que acabaram se acostumando com o próprio sofrimento. E o mais incrível, acreditem, elas têm medo de mudar. O sofrimento já faz parte de suas vidas e elas não querem se separar dele. Estão viciadas em sofrer. Virou um modo de viver, um ciclo vicioso.
Quando há um flash que as conduz para a libertação, ficam totalmente confusas e se perguntam, como é que vou ficar sem esse meio de viver? Um casamento fracassado, cheio de traições, sem amor recíproco, sem respeito, com muitos abusos, até mesmo de uso de drogas como o álcool, maconha, cocaína, etc.. Ela, por exemplo, sempre foi a salvadora, a heroína da família e conseguiu ‘sobreviver”. Mas, a que preço? Vai chegar um momento que um pouco de lucidez entra em sua consciência e descobre que tem uma doença emocional, chamada codependência.
A codependência, no meu ponto de vista, é uma tragédia na vida de uma grande maioria de pessoas, que muitas vezes morrem sem qualquer mudança, sem tratamento, por desconhecerem o mal e por terem se habituado ao ciclo vicioso do sofrimento. Acreditam que a vida é assim mesmo. Crenças disfuncionais fazem parte de seu repertório cotidiano, como: “preciso sofrer para ser feliz”; “preciso resgatar meus débitos”, “antes esse marido problemático do que ficar só.”, “meu marido me trai, mas homem é assim mesmo.” Verdadeiras aberrações, inaceitáveis, mas o codependente concorda passivamente, porque no fundo, em seu inconsciente, acredita que não merece ser feliz. Nasceu para aguentar tudo mesmo. A infância já foi muito triste e ruim. Pai alcoólatra; mãe muito autoritária; sem carinho; fria… e por aí vai. Essa criança cresce aprendendo a suportar energias dolorosas tão intensas que acredita estar tudo bem; é assim mesmo. Quando adulta, está cheia de ressentimentos, de traumas emocionais, neuroses, mágoas, ansiedades, tristezas, culpas e de acordo com a lei “semelhante atrai semelhante”, acaba conseguindo um par afetivo cheio de carências, de necessidades emocionais e psicológicas não atendidas na infância, iguais as dela. Forma-se assim o ciclo vicioso, com as polaridades atuando nos extremos: “o algoz e a vítima”, “o autoritário e a submissa”; “a heroína e o carente”, etc.
A vida sempre nos traz as experiências que necessitamos para a libertação de nossas dores. Da mesma forma, a vida vai nos trazer pessoas, artigos, palestras, livros, oportunidades para que acordemos para nossa realidade interior e nos cuidemos. Esse momento é crucial para o codependente. É nesse momento que a pessoa pode ir em busca de algum tratamento emocional para curar suas disfuncionalidades emocionais, traumas de infância, adquirir autoconhecimento e aprender a viver um novo estilo de vida. Se consegue entender que vale o investimento da sua coragem, para o enfrentamento de sua dor, vai conseguir a paz interna e uma vida inimaginável dentro do mundo que vivia. Pode adquirir autoconfiança, amor próprio e com segurança atuar nos mais variados aspectos de sua vida, com qualidade.
Portanto, é hora de você cuidar bem de você mesma! Adquira informações corretas sobre o mal da codependência, busque formas de se tratar, seja através de terapia individual, grupal, grupos de autoajuda, livros sobre codependência, etc… Vale a pena! Não desista de você, você merece viver com alegria, com felicidade. Muita paz, luz e amor!
Anete L. Blefari
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