21 fev Como entender o outro
Há situações inusitadas que nos acontecem, no dia a dia, e que servem para nossa reflexão. Hoje, vou fazer referência às expectativas que colocamos no outro e, naturalmente, o outro não vai corresponder. O outro tem seu próprio mapa da realidade, ou seja, o mapa dele representa a sua realidade e não a própria realidade em si. Em PNL – Programação Neurolinguística, um dos pressupostos é: “O mapa não é o território.” Nossos mapas mentais do mundo não são o mundo. Reagimos aos nossos mapas em vez de reagir diretamente ao mundo. Mapas mentais, especialmente sensações e interpretações, podem ser atualizados com mais facilidade do que se pode mudar o mundo.
Exemplificando, cada um de nós nasce de forma diferente, com pais diferentes e, portanto, com experiências e ambientes diferentes. A partir disso, formamos nossa personalidade, única, singular, com um conjunto de crenças, no qual acreditamos que a vida seja da forma como nós a vemos e não como a vida realmente é. Com nosso mapa, interagimos com outras pessoas, com mapas totalmente diversos do nosso, e queremos que o outro corresponda exatamente àquilo que pensamos? Queremos que o outro reaja exatamente da forma como achamos que deve reagir? O outro é o outro, com cérebro diferente, com experiências diferentes e, portanto, o seu mapa é diferente. Nunca vamos fazer o outro ver o mundo da forma como nós o vemos. Nunca vamos fazer o outro mudar, só porque achamos que ele deve mudar.
Na grande maioria das vezes, quando interagimos com alguém, criamos expectativas de que o outro deve reagir da forma que achamos que seja a correta. Só que a vida não é assim. Esquecemos que o outro tem sua própria história de vida. O ponto de vista e a perspectiva de ver o mundo lhe são próprios e singulares. Agora, vamos refletir, “como é que eu quero que o outro responda à minha comunicação, da forma como eu acho que o outro deva agir e reagir?” Insano, não lhe parece? Mesmo porque, um outro pressuposto da PNL é: “O significado da sua comunicação é a reação que você obtém.” Os outros recebem o que dizemos e fazemos através dos seus mapas mentais do mundo. Quando alguém ouve algo diferente do que tivemos a intenção de dizer, esta é a nossa chance de observarmos que comunicação é o que se recebe. Observar como a nossa comunicação é recebida nos permite ajustá-la, para que da próxima vez ela possa ser mais clara. E mais insano, ainda, quando nos sentimos desconfortáveis com o comportamento do outro, o culpamos por este desconforto e, pasmem, nos achamos no direito de lhe dizer umas verdades. Verdade de quem? Do seu mapa?
Nesse nível de consciência, em nos encontramos, a verdadeira realidade não é percebida. E por que não? Porque estamos ainda míopes com relação ao nosso próprio mundo interno. E essas são armadilhas de nossa própria prepotência e de nos acharmos os donos da verdade, ou seja, da nossa verdade, apenas isso. Queremos que o outro interaja, aja e reaja da forma que acreditamos ser o certo. Mas, quem disse pra você que a sua visão de mundo é que é a certa? Você possui apenas uma pequena fração do todo e vê a realidade com seus próprios óculos, portanto, sua visão é verdade pra você e pode não ser pra ninguém mais.
A neurociência confirma, através de estudos e experiências sobre o cérebro de que não há um único cérebro que funcione igual a outro. Cada um tem seus próprios “programas”, adquiridos de suas próprias experiências. É fundamental, entender que cada um de nós é parte de um todo, muito maior. E ao querermos estar com a verdade e passar para o outro, estamos no mínimo, míopes diante de nossa própria realidade. Não nos autoconhecemos, não nos entendemos e projetamos no outro nossas expectativas e nosso modo de ser. Por que não interagir com o outro, respeitando seu ponto de vista e querendo entendê-lo? Ao invés de julgar as pessoas, que felizmente, são todas diferentes umas das outras, vamos nos colocar em uma posição de empatia para poder entender como o outro vê o mundo e procurar fazê-lo entender como estamos vendo determinada situação. Isso vai ampliar nosso próprio mapa e, consequentemente, não vamos criar conflitos desnecessários e desgastantes para nós e para os outros, com os quais nos comunicamos. Vamos pensar nisso? Aceitar as pessoas como elas são e não como queremos que elas atuem no mundo. A nossa forma de viver o mundo não é a única forma existente. Saia dessa armadilha e viva mais leve, com mais compreensão de seu próprio mapa e do mapa dos outros. Viva em paz!
Anete L. Blefari
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